Big Mac queria ser um fazendeiro do interior da Irlanda. Só pra contrariar a origem burguesa e industrial no litoral da Escócia. Só pra contrariar o pai. Tinha vinte e um quando roubou milhares de libras (do pai), incendiou um armazém (do pai) e se fez de morto escapando para Londres. Ele sabia que tudo isso seria um alívio para o velho. Que faria questão de mudar de assunto dois dias depois do enterro de corpo nenhum.
Big Mac toca guitarra desde os onze. Tem vozeirão tenor-negão e curte tudo que chega do outro lado do Atlântico. Acha que Beatles, Stones, Who e Yardbirds não honram a origem black. São branquinhos demais. Big Mac é um tanto barrigudo e muito, muito branco. Não vê nada disso no espelho.
Dos quatro, é o único com grana e cigarros. Muita grana e alguns cigarros. Depois de duas horas de conversa, concluiu que Manu, Cecille e Bob não estavam interessados (apenas) em seus dinheiros. Parou de ouvir por uns minutos. Passou os olhos no estranho trio. Se amor de estalo é raro, imagina isto aqui: um protótipo de banda imediato. Big Mac esticou as bochechas num riso largo.