As Babas do Diabo | Blow-Up

Nunca se saberá como isto deve ser contado, se na primeira ou na segunda pessoa, usando a terceira do plural ou inventando constantemente formas que não servirão para nada. Se fosse possível dizer: eu viram subir a lua, ou: em mim nos dói o fundo dos olhos, e principalmente assim: tu mulher loura eram nuvens que continuam correndo diante de meus teus seus nossos vossos seus rostos. Que diabo.

– Julio Cortázar
As Babas do Diabo, 1959

Aquilo deu nisso:

Antonioni, meio perdido e muito cobrado na Itália, corre para Londres com um conto de um argentino no bolso e sabe-se lá o que na cabeça. Isso não é história nem fato. Só viagem de fã.

Antonioni se depara com a Swinging London e concorda com Cortázar: “de bobo tenho apenas a sorte”. A sorte de achar Hemmings e suas expressões perfeitas; Vanessa e suas formas perfeitas; Jeff Beck quebrando a guitarra e um Jimmy Page com cara de moleque. Que diabo.

Como se não bastasse, e como globalismo pequeno é bobagem, Antonioni encomendou a trilha para um músico de jazz dos EUA?! Herbie Hancock matou no peito, colocou na grama e fuzilou um golaço. O tema principal, com guitarra de Jim Hall, é qualquer coisa.

Coisa de fã: babei feito um diabo só de relembrar escrevendo. Que diabo.

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