[Deixa]
Bob faria de tudo para conhecer seu pai holandês. Por causa da adoração da mãe. Que só esteve com o cara, num beco escuro, por uma noite. Tudo o que Bob sabia é que o cara era holandês, loiro, alto, marinheiro e filho da puta.
Bob vira ajudante de cozinheiro num navio de traficantes. Prometeram uma passagem pelo Suriname – possível paradeiro do holandês. Foi parar em Kingston. Bob conheceu a maconha e o embrião do reggae. Ensinou sobre São Jorge e, apesar dos apelos, não quis ficar. Foi parar em Londres. Julho de 1968.
Os meses de mar garantiram a Bob o inglês de sobrevivência. Além dos truques básicos para obtenção de centavos. Bob desembarcou em Liverpool. Já tinha ouvido falar do quarteto fantástico. Sabia dedilhar She Loves You desde os tempos de Salvador. Na mesma tarde partiu para Londres. Perdido.
A mãe de Bob, ainda grávida, perguntou para o padre o sobrenome do holandês mais famoso de todos os tempos. Por isso Betinho foi batizado como Roberto Souza de Van Gogh, vulgo Bob Van Gogh. Abençoado e municiado por Ogum.
[continua]
