Há 50 anos o mundo estava de cabeça para baixo. A França encerrava maio sem entender a bagunça que havia acontecido. Nos EUA, o assassinato de Martin Luther King ainda repercutia na forma de confrontos e manifestações. O Vietnã recebia uma tempestade de napalm e dezenas de milhares de soldados americanos. Itália e Alemanha conviviam com protestos quase diários. A Tchecoslováquia desafiava a URSS pedindo um pouquinho de democracia. A ditadura tupiniquim seguia apertando o torniquete e ensaiando um copy+paste nos vizinhos. Países africanos rompiam grilhões e buscavam rumos. Ninguém parecia ter bússolas nem sugestões para dar.
Cá estamos* de novo de cabeça para baixo e sem chão. Deve haver um cantinho de sossego na Escandinávia, na Suíça, em Mônaco ou Santo Antônio do Amparo. Mas parece que o mundo todo pega fogo. O Havaí, literalmente.
Stephen Hawking, um pouco antes de nos deixar, disse que este será o Século da Complexidade. É uma nova ciência. Tão recente que nem tem uma teoria mínima consolidada. Pois é, conseguimos: chegamos no ponto da não compreensão. Criamos problemas tão esquisitos que: 1) não têm solução ou 2) nem são reconhecidos como problemas. Confundimos tanto que criamos gente que nem crê que a terra é redonda! Passamos dos limites.
“Para o mundo que eu quero descer” não é alternativa, infelizmente. O Musk deve levar alguns desvairados para viver em Marte. Boa sorte para eles. A gente vai perder esse bonde. Resta, então, um caminho: entender essa merda toda que a gente fez e segue fazendo. Mark Twain tem uma dica: “A história não se repete – mas ela rima”.
Escrito em maio/2018. Se então estávamos sem chão…
