O Resto da Eternidade

Photo by Thomas Q on Unsplash

Passar o resto da eternidade
numa gaiola
comigo.

– The Soul Cages, Sting

A gente vai enjoar da Netflix. Eu vou enjoar daquela pipoca de micro-ondas.
Que sorte você deu: não tem mais futebol.
Mas você vai se cansar do jornal. Já me acostumei com o ping da sogra.
A gente vai se acostumar com o choro do cachorro na Ave Maria.
Com o liquidificador do vizinho, nunca!
Eu vou aceitar seus banhos de 55 minutos.
Você aceita a minha insônia? Fica na cama? Deixa eu fazer o café?
A gente vai inventar mil receitas. Você fica com a parte chata.
Eu lavo os pratos. Você fica com as panelas.
A gente vai inventar mil transas. Sim, outras mil.
Você vai fazer aquela cara. Aquela! Eu…

A gente tem o resto da eternidade pela frente.
Numa gaiola. Alguns sonhos viram realidade, né?

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Sobre

junkyage s.f. última era do  antropoceno. Última no sentido de recente, corrente. Última no sentido de derradeira, saideira?

* (asterisco) s.m. 1. curinga, substituto. 2. representação lo-fi de uma flor.

Junkyage* blog à moda antiga sobre coisas que merecem ser vistas ou revistas antes que a gente foda com tudo.

Curador Amador

Nando Vasconcellos, cidadão de meia idade e vida inteira de amador numa cidadezinha do interior que não é Bacurau. Que pena!

Cura é copia & cola com zelo, na unha, sem algoritmos. Crio com retalhos dos outros. Algumas partes e relações são óbvias. Este todo* não surgiria em nenhum outro lugar. Nem se bilhões de macacos tentassem por dez mil anos.